sábado, 31 de julho de 2010

Memórias do Futuro

Já algum tempo vivemos no futuro, desde que esta coisa chamada "futuro" foi inventada, penso que logo após o final da idade das trevas que durou quase mil anos, ou se preferir, a "idade do gelo humano". Mas só recentemente, de uns 50 anos para cá, isso se tornou mais evidente.

Agora no século XXI, todos já se sentem no futuro.

Mas de onde vem o saudosismo que valoriza tanto o passado e olha com cinismo e artificialidade o que vem à nossa frente? O futuro repete o passado, então invertendo, nosso passado já continha um futuro. Alguns enxergaram isso e foram visionários, e em toda essa retórica chata não há espaço para o presente.

Mas é sobre o futuro que falo. Um futuro em constante mutação. Apenas nesta nossa primeira década do século XXI, acredito que ele já tenha mudado inúmeras vezes, pois tem tanta gente acreditando que este século vai passar muito rápido, elevando ao limite aquela impressão que todos tem, e eu nunca entendi porquê, de que o tempo passa cada dia mais rápido.

Então, graças a toda tecnologia a favor de nosso conforto, o futuro do futuro será um tempo fugaz ao extremo, e a raça humana atingirá uma longevidade beirando a imortalidade.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A pergunta que só você é capaz de fazer

"Não existe pergunta estúpida. Quem pergunta, quer respostas". Esta frase não é minha, pertence a Carl Sagan. Quem conhece, sabe da importância de Carl e o legado que deixou para todos nós. Esta frase está no seu livro " O Mundo Assombrado Pelos Demônios", e, desnecessário dizer que embora fosse um cientista, famoso por despertar a curiosidade de leigos pela ciência, foi sobretudo uma pessoa que, inteligentemente soube transformar a linguagem complexa de feitos humanos numa trajetória em busca das estrelas. Trajetória que seria a coroação de todos os esforços humanos no sentido de manter contato com vidas extra-planetárias, e quem sabe, responder a maior de todas as perguntas: estamos sós no universo? O próprio Sagan conclui que seria um grande desperdício se fôssemos os únicos na vasta imensidão do cosmo.

No meu ponto de vista, é na ficção científica que grandes autores-cientistas, como Sagan, Isaac Asimov ou Stanislaw Lem entre outros, exorciza suas vontades, devaneios e esperanças acerca de assuntos cruciais.

Então, qual é a pergunta que só você é capaz de fazer?

Talvez seja o que diferenciará uma pessoa da outra, neste período de transição ao conhecimento, que torço para que seja verdade.

O advento da tecnologia nos trouxe todas as respostas. Qualquer um pode se inteirar de qualquer assunto, dos mais simplórios aos mais complexos, exprimir de forma magistral sua opinião, ser tudo e todos ou ser ninguém neste simulacro do mundo chamado real.

A capacidade de escolha é infinita, e o acesso não encontra precedentes na história.

Haverá um tempo em que este estado de coisas se acomodará, e quando a poeira baixar e até mesmo atravessarmos a fronteira do monopólio da informação (há quem acredite que já fizemos isso), restarão mais perguntas do que respostas.

E, recorrendo ao popularesco, finalizo com minha pergunta: "falei besteira?"

Harrisongs

Texto escrito em 2008, por ocasião dos 7 anos do falecimento do ex-beatle George Harrison, para um evento da banda Beatlemania.


Há exatos 7 anos, em 29 de Novembro de 2001, o mundo perdeu um dos maiores músicos do século XX, quiçá da história: O lendário guitarrista dos Beatles, George Harrison. George representou, sem  dúvida, o equilíbrio entre os egos/gênios  de John Lennon e Paul McCartney, e sua influência na obra da banda é inequívoca e tão decisiva, que é difícil de imaginar o grupo sem sua presença.

A trajetória de Harrison se confunde com a trajetória do Beatles, e o fato dele ter encontrado espaço, na mesma banda em que já havia dois compositores talentosos, individualmente ou em dupla, que disputavam palmo a palmo os holofotes, é motivo de nosso mais profundo reconhecimento.

Mas uma coisa sempre fica clara quando se trata dos Beatles: suas idéias e talentos casavam tão bem que a força da obra, conscientemente ou não, era o uníssono de 4 caras com uma musicalidade que se completava, numa sintonia de fazer inveja a qualquer um.

O próprio George citou que, quando John ou Paul lhe davam espaço para os solos em suas composições, ele tentava fazer algo sempre à altura. Era uma dura missão, mas ele a cumpriu de maneira magistral. Exemplos não faltam, em “All My Loving”, seu solo é quase uma continuação da melodia, enquando que em “A Hard Day’s Night”, sua breve interferência é um capítulo à parte. Nesse ambiente, seu trabalho como compositor individual - já que inexistentes as parcerias com a dupla Lennon/McCartney, pelo menos na obra gravada dos Beatles como banda - foi amadurecendo e ganhando corpo. Sua primeira canção relevante está no disco Help!: “I Need You” é uma balada belíssima de uma simplicidade absurda, e que cativa à primeira audição. George atinge o seu ápice como compositor no disco Abbey Road, com “Here Comes The Sun” e “Something”, colocando-se em pé de igualdade com Lennon & McCartney.

A essa altura, sua inspiração está num momento especialmente iluminado, e tão intensa, que compõe dezenas de novas canções, as quais viriam a fazer parte do seu antológico disco  triplo “All Things Must Pass”, lançado após a separação da banda. O estilo marcante permeou toda sua carreira artística, com enfoque nas questões filosóficas, religiosas e espirituais.  Harrison se encantou com o universo oriental da música indiana, e influenciou, de certa forma, o Ocidente a olhar para aquele mundo um pouco diferente do nosso.

O seu legado permanecerá conosco, e com todos aqueles que se encantam e se encantarão com a obra deste eterno Beatle, talvez o mais espiritualizado deles, que nos deixou uma obra de inestimável valor.

A Beatlemania, nesta noite, pede licença à memória de George para lhe prestar uma singela homenagem, talvez, como a sua obra, de gigantesca simplicidade, e por isso mesmo tão difícil de executar, no intuito de manter viva a chama desta grande pessoa que habitou este planeta, que cumpriu sua missão tão bem, às vezes sarcástico, às vezes profundamente espiritualizado, às vezes messiânico, mas, sem sombra de dúvida, sempre transbordando humanidade e amor a cada nota que tocou.





Texto: Osmi Vieira / Colaborou: Auro Haruki

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Auto-Conspiração: e se eu não for a pessoa que sempre achei que fosse?

Conheço gente que acorda, olha o reflexo no espelho e diz: "Bom-dia!". Alguns referem-se a si mesmos na terceira pessoa do singular e travam diálogos levando ao pé-da-letra aquela máxima sobre conhecer-se a si mesmo. Outras cultivam hábitos herdados sabe lá de quem, pois todo mundo vai se "aculturalizando", absorvendo, modificando toda a sorte de coisas, formando e transformando pensamentos novos e antigos.

Admiro a inteligência simples e intuitiva daqueles que conseguem perceber as revoluções diárias da natureza, no qual todo ser humano é parte, e sobretudo daquela pequena e importante diferença que qualquer um pode fazer dentro de seu mundo. Mundos dentro de mundos.

Confesso minha dificuldade de falar de mim mesmo pois o perfil de cada pessoa é definido por sua capacidade em se repetir, (isso seria matéria de outra conversa) e ao jogarmos no ar nossas idéias, estamos expostos a todo tipo de críticas e até concordâncias. Não se trata de polemizar. Existem raras afirmações que sobrevivem a um escrutínio generalizado.

O quanto de cada um reflete a sua individualidade? A Psicologia se debruça sobre este tema e finca sua raízes nos academicismos forjados em séculos e séculos de rotinas científicas e suas conclusões não são tão conclusivas assim. O que dizer, se até os sonhos foram padronizados?

Já nos ensinam até o que sonhar, o que querer.

E se eu não for a pessoa que eu sempre achei que fosse, quem ou o que mais eu poderia ser?

O LARAMAMISMO Fui apresentado ao Laramamismo através do meu pequeno filho. O que seria aquilo? Nunca tinha ouvido falar. Me lembro que causo...