Um homem e a sua mensagem. Um outro frente a impossível desconstrução do maior de todos os mitos.
Aquele que pisou o chão árido dos
sentimentos humanos e cultivou um pensamento revolucionário, esteve
aqui há muito tempo, mas o eco de suas máximas cortam como uma
espada o véu do tempo e se estende para além do que podemos sonhar
tocar.
O arremedo de sua santidade é uma
pálida lembrança, desbotada pelo desgaste da incompreensão de suas
atitudes. O mensageiro e a sua mensagem se fundem, e tornam-se um só.
A palavra pesa-nos sobre os ombros e nos limitamos a passar adiante
nossa incapacidade de reter o significado, delegando aos iluminados
de plantão a tarefa de nos representar.
A verdade dentro de cada um vai se
definhando de ritual em ritual, até nos depararmos com o
desinteresse entre nós, a humanidade.
Porque esperar a volta deste homem?
Para reacender em nós aquilo que não queremos lembrar? Ignoramos
que seus milagres, seu sacrifício já não foram o suficiente, que
não haveria outro motivo em tudo isso, senão eternizar a mensagem,
contextualizá-la para torná-la clara o suficiente, para que não
houvesse dúvida de sua real intenção?
Mais fácil é fechar os olhos, e
não querer olhar por trás deste véu. Teria sido as suas palavras
realmente suas ou representava apenas uma resposta ao vazio do
pensamento humano, habilmente arquitetada e personificada na figura
deste homem? Ele e seus seguidores, sendo que alguns deles mal sabiam
o motivo por estarem seguindo, espalharam uma mensagem renovadora,
ousaram falar de liberdade, do amor ao inimigo, do respeito a cada
ser vivente e do mais temido de todos os fundamentos: a igualdade.
Mas palavras correm o risco de serem
apenas palavras.
Precisou-se de milagres
mirabolantes, intervenções na natureza, trazer os mortos de volta à
vida. Obras engenhosas de ilusionismo, mágica, feitiçaria?
Sacrifício. O homem e a sua equipe confudiu a cabeça de quem não
estava pronto para o novo. O real e o irreal bem na frente dos olhos
de todos. E uma ilusão real: o amor.
Tudo a serviço da mensagem talvez mais
evoluída, que algum dia, pode ser concebida.
Não, ainda hoje não temos a
capacidade de compreendê-la. O meu maior receio é de que nunca
possamos.