sexta-feira, 30 de julho de 2010

Harrisongs

Texto escrito em 2008, por ocasião dos 7 anos do falecimento do ex-beatle George Harrison, para um evento da banda Beatlemania.


Há exatos 7 anos, em 29 de Novembro de 2001, o mundo perdeu um dos maiores músicos do século XX, quiçá da história: O lendário guitarrista dos Beatles, George Harrison. George representou, sem  dúvida, o equilíbrio entre os egos/gênios  de John Lennon e Paul McCartney, e sua influência na obra da banda é inequívoca e tão decisiva, que é difícil de imaginar o grupo sem sua presença.

A trajetória de Harrison se confunde com a trajetória do Beatles, e o fato dele ter encontrado espaço, na mesma banda em que já havia dois compositores talentosos, individualmente ou em dupla, que disputavam palmo a palmo os holofotes, é motivo de nosso mais profundo reconhecimento.

Mas uma coisa sempre fica clara quando se trata dos Beatles: suas idéias e talentos casavam tão bem que a força da obra, conscientemente ou não, era o uníssono de 4 caras com uma musicalidade que se completava, numa sintonia de fazer inveja a qualquer um.

O próprio George citou que, quando John ou Paul lhe davam espaço para os solos em suas composições, ele tentava fazer algo sempre à altura. Era uma dura missão, mas ele a cumpriu de maneira magistral. Exemplos não faltam, em “All My Loving”, seu solo é quase uma continuação da melodia, enquando que em “A Hard Day’s Night”, sua breve interferência é um capítulo à parte. Nesse ambiente, seu trabalho como compositor individual - já que inexistentes as parcerias com a dupla Lennon/McCartney, pelo menos na obra gravada dos Beatles como banda - foi amadurecendo e ganhando corpo. Sua primeira canção relevante está no disco Help!: “I Need You” é uma balada belíssima de uma simplicidade absurda, e que cativa à primeira audição. George atinge o seu ápice como compositor no disco Abbey Road, com “Here Comes The Sun” e “Something”, colocando-se em pé de igualdade com Lennon & McCartney.

A essa altura, sua inspiração está num momento especialmente iluminado, e tão intensa, que compõe dezenas de novas canções, as quais viriam a fazer parte do seu antológico disco  triplo “All Things Must Pass”, lançado após a separação da banda. O estilo marcante permeou toda sua carreira artística, com enfoque nas questões filosóficas, religiosas e espirituais.  Harrison se encantou com o universo oriental da música indiana, e influenciou, de certa forma, o Ocidente a olhar para aquele mundo um pouco diferente do nosso.

O seu legado permanecerá conosco, e com todos aqueles que se encantam e se encantarão com a obra deste eterno Beatle, talvez o mais espiritualizado deles, que nos deixou uma obra de inestimável valor.

A Beatlemania, nesta noite, pede licença à memória de George para lhe prestar uma singela homenagem, talvez, como a sua obra, de gigantesca simplicidade, e por isso mesmo tão difícil de executar, no intuito de manter viva a chama desta grande pessoa que habitou este planeta, que cumpriu sua missão tão bem, às vezes sarcástico, às vezes profundamente espiritualizado, às vezes messiânico, mas, sem sombra de dúvida, sempre transbordando humanidade e amor a cada nota que tocou.





Texto: Osmi Vieira / Colaborou: Auro Haruki

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